Anteriormente, exploramos o conceito do Flat Design e a ascensão do design minimalista, que tende a simplificar a comunicação visual e facilitar a criação de sites e aplicativos, sem comprometer a legibilidade ou o reconhecimento de marcas, ícones e botões. Também mencionamos as novas direções do design, incluindo a emergência do Flat Design 2.0. Neste artigo, vamos explorar mais o que é o Flat Design 2.0, o design “quase minimalista”. Uma tendência que combina elementos minimalistas com aspectos do esqueumorfismo.
O que é o Flat Design
Antes de adentrarmos em seu seu sucessor, é essencial entender o que é o Flat Design. Em resumo, o Flat Design é uma tendência que surgiu como uma solução para facilitar a leitura e proporcionar sofisticação, clareza e memorabilidade em um mercado saturado por estímulos visuais, impulsionado pelo avanço da tecnologia e das mídias digitais.
Isso significa que tanto para sites e aplicativos quanto para a maioria dos logos, os designers optaram por deixar de lado elementos gráficos mais complexos, como sombreados, profundidade e linhas tridimensionais, em favor de cores sólidas, formas definidas e tipografias simplificadas.
No entanto, as principais desvantagens desse princípio de design são evidentes: enquanto pode melhorar a Experiência do Usuário (UX), pode também complicá-la. Com a super simplificação dos elementos, evitando a profundidade e combinando cores de alto contraste, torna-se difícil para os usuários identificar elementos clicáveis ou distinguir entre elementos visuais e funcionais em um site ou app.
Outros desafios
A aceitação pelo público também representou um desafio para o Flat Design. Muitas marcas consolidadas precisaram passar por rebrandings para aderir à tendência, o que gerou reações negativas entre consumidores e, em alguns casos, impactos financeiros negativos para as marcas.
Essas desvantagens levaram alguns profissionais a explorar uma nova abordagem, combinando os elementos essenciais de facilidade de comunicação e versatilidade do Flat Design, com algumas características do esqueumorfismo, resultando em um estilo “quase minimalista”. Este é o que chamamos de Flat Design 2.0.
Espera, esqueumorfismo?
O esqueumorfismo é um princípio de design que busca replicar características físicas de objetos reais em interfaces digitais. Popular nos anos 2000, foi amplamente utilizado em sistemas operacionais e logos. As identidades visuais eram majoritariamente compostas por muitos tons de degradês, sombras, detalhes e profundidade que imitavam objetos físicos.
Nesta época, sites e sistemas operacionais frequentemente utilizavam representações literais dos objetos para descrever sua funcionalidade. Por exemplo, um botão em um site tinha a aparência física de um botão real, com linhas, brilhos, sombras e profundidade. Aplicativos móveis imitavam literalmente a aparência dos objetos que representavam. No iOS, por exemplo, a calculadora tinha números e botões de como seria uma calculadora real.
O neomorfismo
O Flat Design 2.0 não foi a primeira tentativa de fugir do design completamente plano e imitar alguns contrastes da vida real. Entre 2019 e 2020, surgiu a ideia do neomorfismo, uma tentativa de afastar-se do design completamente plano ao incorporar elementos do flat design com o uso de luzes e cores para criar uma sensação de profundidade. Caracterizado por cantos arredondados, geometria simplificada e linhas finas, esse estilo buscava contrastes suaves em tons de branco e cinza para simular tridimensionalidade.
O neomorfismo usava de ferramentas como desfoque, luz e sombras para adicionar profundidade e dimensionalidade a uma estética minimalista.
No entanto, apesar da sua rápida ascensão, o neomorfismo não era a solução ideal. A baixa diferenciação entre cores próximas podia afetar a experiência do usuário, principalmente em telas com menor luminosidade e configurações de brilhos mais baixas, onde os botões e as cores se mesclavam com o fundo. Assim, embora oferecesse uma aparência estilizada e moderna, o neomorfismo ainda não conseguia igualar as vantagens práticas do Flat Design.
Flat Design 2.0 x Neomorfismo, qual a diferença?
Enquanto o neomorfismo buscava recriar objetos que funcionariam na vida real (diferente do esqueumorfismo, que simulavam esses objetos). O Flat Design 2.0 representa uma evolução do Flat Design, integrando elementos de sombras e degradês sem necessariamente tentar incorporar objetos reais, e sem comprometer a experiência do usuário.
Nos elementos, botões e até mesmo logos que adotam o Flat Design 2.0, é possível identificar as cores de alto contraste e a tipografia simplificada típicas do Flat Design, mas com a adição de sombras sutis, degradês e camadas que dão mais profundidade ao layout, sem imitar a vida real.
Embora muitas vezes sutil aos olhos, várias empresas já adotam o esquema do Flat Design 2.0 em seus produtos, como Google e Microsoft, incorporando pequenos sombreados e linhas nos cantos que os distinguem do Flat Design Convencional.
No Flat Design 2.0, os elementos gráficos não são mais estritamente planos, apresentando características distintas que facilitam a distinção entre o que está à frente e o que está ao fundo, melhorando a compreensão do usuário e preservando as vantagens do Flat Design tradicional.
As logos com o design quase minimalista
Assim como toda tendência de design, é comum que as marcas se adaptem às novas exigências da experiência do usuário também em seus logos. Da mesma forma que ocorreu com o Flat Design, a versão 2.0 está gradualmente ganhando espaço em diversos logos, abandonando as cores completamente sólidas em favor de degradês e sombreados que haviam sido esquecidos.
O pioneiro desse novo princípio, mesmo que sem querer, é o logo do Instagram. Apesar da forma simplificada e facilmente reconhecível, a identidade visual do Instagram, concebida em 2016 e atualizada em 2022, incorpora degradês, rompendo com a tendência dominante da época.
Warner Bros. Picture
Em maio de 2023, a Warner lançou uma nova logo para celebrar os 100 anos da marca, apenas quatro anos após um rebranding anterior. A logo em 2019 adotava um design completamente plano com uma cor sólida. Mesmo inspirado no design de 1930, não conseguiu agradar o público.
Agora, com o novo rebranding, a Warner se destaca como uma das primeiras marcas a adotar a nova tendência em seu logo. Observe como a nova identidade incorpora elementos com degradês e sombreados, fugindo do design completamente plano, ao mesmo tempo em que mantém suas características distintivas.
Com diversas aplicações, a nova identidade visual da empresa ainda respeita os princípios do Flat Design convencional, proporcionando uma ótima experiência ao usuário.
Além disso, a nova identidade é inspirada em um dos emblemas mais icônicos da Warner, utilizado em filmes desde 1948, evocando uma sensação de nostalgia com sua nova identidade.
Pepsi
Falando em nostalgia, a Pepsi foi outra marca que abraçou essa abordagem. Distanciando-se da forma curva e diagonal da logo que usava desde de 2008, a empresa realizou um rebranding que resgata a memória afetiva associada à bebida. A marca agora utlizada elementos similares aos que usava nas décadas de 70, 80 e 90.
A nova identidade da Pepsi move-se para longe do Flat Design convencional anterior, que utilizava uma tipografia única minúscula e apenas duas cores. A Pepsi agora adota linhas mais proeminentes, um contorno preto e uma nova tipografia em caixa alta e preta.
Embora a nova identidade não inclua degradês e sombreados como padrão, esses elementos estão presentes em suas aplicações e campanhas publicitárias, e as novas latas são um exemplo evidente disso.
A rede social Reddit também adotou a nova tendência e abandonou o design completamente plano, como pode ser observado na sua nova identidade visual. Agora, o Snoo, o mascote alienígena da empresa, não é apenas um ícone no logotipo; ele ganhou vida, expressão e dimensionalidade. Aproveitando o rebranding, a empresa ampliou o uso do Snoo, que agora pode ser encontrado em diferentes formatos nos fóruns e subreddits do site.
Conclusão
O Flat Design 2.0 representa uma evolução refinada do minimalismo visual, adaptando-se às demandas contemporâneas sem perder a simplicidade que define o Flat Design original. Esta abordagem não apenas melhora a experiência do usuário, mas também oferece às marcas a flexibilidade visual necessária para permanecerem atualizadas e reconhecíveis.
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